A constituição dum mundo global. Entre pulsões identitárias, cosmopolitismo e processos de subjetivação.

Irene Viparelli
Universidade de Évora

Os Estudos Culturais representam um elemento fundamental da agenda do Grupo de Investigação do CICP “Society, Europe e Global dyinamic”. Um grupo interdisciplinar, que reúne investigadores provenientes das áreas da filosofia, do direito, da história, da sociologia, e que tem refletido ao longo dos últimos anos sobretudo sobre os processos de globalização e as suas consequências no plano cultural. Assim, as nossas investigações têm-se focado, em primeiro lugar, na crise dos conceitos tradicionais de soberania e de identidade nacional e, em particular, na precária tensão entre o “ethnos” e o “demos”; entre as pulsões reacionárias e as virtualidades duma possível “transnacionalização” do conceito de cidadania. Em segundo lugar, um foco de interesse complementar tem sido a análise da coexistência entre as “tendências democráticas” que visam construir uma “aldeia global” fundamentada no cosmopolitismo e nos direitos humanos e as novas formas de “fundamentalismo”. Mais recentemente, com a aprofundamento das “crises” que têm surgido no mundo globalizado, focamos a nossa atenção também nas questões dos novos populismos de direita e das migrações contemporâneas. Estas últimas, em oposição às “perspetivas securitárias”, são analisadas sobretudo em função do problema da “construção das identidades”. Conceitos como o de “diáspora”, de hibridação, de “métissage” ou de “creolization” procuram refundar o problema da constituição das subjetividades, para além não apenas das visões identitárias e exclusivista típicas dos novos nacionalismos, mas também do abstrato universalismo de matriz kantiana. A construção dos indivíduos resulta dum conjunto de práticas, encontros e de experiências vivenciadas pelos sujeitos. A condição dos migrantes, neste paradigma, é o emblema da possibilidade e da necessidade de repensarmos o homem como resultado sempre in fieri de complexos processos de individuação; como a objetivação perenemente inacabada dum conjunto heterogéneo de processos de subjetivação; de práticas ou, com Deleuze, de “agencement”.

Irene Viparelli

Professora Auxiliar na Universidade de Évora. Doutora em Etica e Filosofia Politico-giuridica (Università degli Studi di Salerno – Italia).